da Agência Folha, em Porto Alegre
A Polícia Federal interrogou hoje na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (RS) o ex-agente do serviço de inteligência uruguaio Mario Neira Barreiro, 54, sobre sua participação em eventual assassinato do presidente João Goulart (1918-1976).
Barreiro --que cumpre pena por tráfico de armas, falsidade ideológica e roubo a carro-forte-- depôs por cerca de quatro horas e foi interrogado pelo delegado Mauro Vinícius Soares.
A superintendência da PF do Rio Grande do Sul não deu detalhes sobre o interrogatório. Apenas informou que o depoimento ocorreu a pedido do Ministério da Justiça e que o conteúdo será encaminhado ao ministro Tarso Genro.
O superintendente da PF gaúcha, delegado Ildo Gasparetto, disse que encaminhou uma cópia ao diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa. "Não podemos dar detalhes porque este assunto depende de uma diretriz nacional", afirmou o delegado.
À Folha, em entrevista publicada no domingo, o ex-agente disse ter participado de uma operação que tinha por objetivo, inicialmente, monitorar Jango no exílio e, depois, por ordem do governo brasileiro e com financiamento da CIA (agência de inteligência americana), matar o presidente.
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http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u368380.shtml



Depoimento de agente uruguaio leva familiares do ex-presidente a pedir investigação sobre sua morte. O  assunto é destaque na edição atual da revista IstoÉ. 
Goulart morreu." Diante do fato novo, Miro acha que o depoimento de Barreiro deve ser investigado: "Ele só apresentou um conjunto de palavras, mas que, somado aos demais fatos já sabidos, não deve ser desconsiderado. O princípio da investigação é a dúvida. E dúvida é o que não falta." 

